" Nós estamos, claramente, passando
por um tempo de juízo no Brasil.
A derrocada da nossa economia, a
violência crescente, as catástrofes
naturais sem precedentes, as pragas
manifestadas por epidemias e
doenças que há pouco tempo nem
se conhecia e tantas outras realidades
que afetam tragicamente a vida
dos brasileiros hoje, não são apenas
uma infeliz coincidência. Deus está
açoitando uma nação que não reconheceu
o tempo da sua visitação e
desprezou a graça que lhe tem sido
oferecida.
Que o Espírito foi derramado sobre
o Brasil, ninguém pode negar.
Nas últimas décadas vimos muitas
manifestações do seu agir, produzindo
movimentos sobrenaturais e
abrindo portas amplas à pregação
do evangelho. Profetas e mais profetas
se levantaram aqui e vieram de
outras nações para soprar fôlego de
vida sobre nossa nação. O que fizemos,
porém, com tudo isso?
O Brasil dos quarenta milhões
de evangélicos de hoje é mais podre
e mais corrupto do que o de ontem,
que tinha menos crentes. Estamos
vendo as entranhas da nossa classe
política e empresarial sendo expostas
com sua vergonha pela justiça,
mas isso é só uma tênue amostra
do que, de fato, é a ética e a moral
do nosso povo. Sim, do nosso povo,
pois a desonestidade indecente não
é marca apenas dos políticos, mas
de grande parte de nossa população,
incluindo, pobres e ricos, cultos e
indoutos, descrentes e evangélicos!
Infelizmente, professar a fé em Jesus
não denota mais o compromisso de
andar como Ele andou.
Eu gostaria de dizer outra coisa,
mas minha percepção profética não
permite. Nossos próximos anos não
serão fáceis. De uma forma geral, as
coisas vão piorar. Não falo apenas
de economia (pois para isso, não é
necessário ser profeta), mas de tragédias
que abalarão as estruturas da
nossa nação. Guardem o que estou
dizendo. Povos de outras línguas comerão
o nosso pão e rirão do nosso
luto. Falo em nome do Senhor!
Uma leitura de Jeremias 5 pode
nos ajudar a enxergar o Brasil de hoje
como Deus enxerga. Recebi esse texto
de uma jovem, durante um tempo
de oração, e entendi perfeitamente o
recado de Deus. Sua vara fustigará os
nossos lombos. Até quando? Até que
sejamos quebrantados, como nação.
Historicamente, quando Deus envia
juízo, Ele encontra um remanescente
que o busque e que aplaque
a sua ira. Que façamos parte disso!
Permanecer fiéis não nos livrará
completamente das dores da disciplina,
mas nos dará a força que precisamos
para resistir e a oportunidade
para sermos testemunho e voz profé-
tica no meio do caos.
Temos que nos arrepender! O altar
tem sido profanado nesta nação
e a oferta do Senhor, desprezada. Se
é verdade que milhões e milhões lotam
os templos, é verdade também
que uma grande parte aí está servindo
a Mamon, cultivando sua velha
ganância, buscando o brilho da prata,
só que agora “em nome de Jesus”.
Pior, isso inclui uma parte considerá-
vel da classe pastoral.
Temos que nos arrepender da
feitiçaria, não somente daquela que
é feita nos terreiros e encruzilhadas,
mas da que é praticada nos altares
evangélicos. Chega a ser absurda a
supersticiosidade e o sincretismo
maligno fomentados por uma legião
enorme de falsos mestres e falsos
profetas, que se multiplicam como
ratos. A venda de objetos e rituais
com supostos poderes miraculosos
mistura o comércio com o engodo
na Casa de Deus. Outro dia, assisti a
um vídeo em que pastores de uma
das maiores denominações do Brasil
desciam a uma mina de ouro para
buscar a “água da prosperidade”,
para ser distribuída (ou vendida) aos
fiéis que, certamente, ávidos pelo
apelo das riquezas mundanas, nem
se dariam ao trabalho de julgar o
desvio teológico e de perceber o ridí-
culo a que seriam induzidos.
Uma liderança “cristã” que ilude
seu povo com águas da prosperidade,
rosas sagradas e lascas da cruz
não é melhor que os pais de santo,
que fazem o mesmo em seus terreiros.
Na verdade, é pior... E que diferença
há entre um esotérico que
confia no seu patuá e um crente que,
em vez de colocar sua fé em Jesus,
recebe um “amuleto gospel” do seu
pastor e o pendura em casa, como
fonte de proteção? Nenhuma!
Temos que nos arrepender da
idolatria, não só da que se pratica em
procissões e templos consagrados a
entidades mortas, supostos “santos”,
que têm boca, mas não podem falar.
Há também idolatria às personalidades
humanas nas igrejas protestantes,
com líderes e artistas sendo
alçados pelo povo à categoria de “semi-deuses”,
acima do bem e do mal,
muitos deles com um testemunho
tão sujo que não mereceriam admiração
nem nos antros do mundo.
Como Deus não visitaria com ju-
ízo uma nação que, tendo sido apresentada
ao evangelho, segue expondo
sua imoralidade a céu aberto, nos
carnavais e marchas gays da vida?
Nossos governos erotizam crianças
em escolas públicas, com materiais
pornográficos e nossas leis dizem
“bem-vindo” ao homossexualismo
e toda forma de perversão sexual.
Mas será que esse espírito não está
livre para atuar também nas casas
das famílias brasileiras e em muitos
espaços da própria igreja? Pornografia,
adultério, pedofilia, prostituição
e pederastia não mancham também
os altares? O que dizer dos
pastores e personalidades “gospel”
que estão no segundo ou terceiro casamento,
sem argumentos bíblicos
que lhes desse tal direito; ou dos que
usam o seu feitiço travestido de “un-
ção” para seduzir ovelhas aos matadouros
da imoralidade?
Não estou falando de uma nação
ignorante. O evangelho foi apresentado
ao Brasil. Muitos dos que afrontam
a santidade de Deus, ou estão na
igreja, ou passaram por ela e decidiram
voltar ao chiqueiro do mundo. A
maioria absoluta já, ao menos, ouviu
a Palavra ou teve oportunidade de
fazê-lo e não quis. Portanto, somos
indesculpáveis.
Se Jesus proclamou juízo sobre a
cidade onde viveu, dizendo: “Tu, Cafarnaum,
elevar-te-ás, porventura,
até ao céu? Descerás até ao inferno;
porque, se em Sodoma se tivessem
operado os milagres que em ti se
fizeram, teria ela permanecido até
ao dia de hoje”; se Ele chorou sobre
Jerusalém, lamentando o fato de
que seus filhos seriam entregues à
espada, já que ela não reconheceu o
tempo da sua visitação (conf. Lucas
19.41-44), porque seríamos nós poupados,
tendo desdenhado tanto da
Verdade, como nação?
Obviamente, no meio de tudo
isso há um povo fiel, um remanescente
que teme ao Senhor e respeita
a sua Palavra. Como nos dias de
Elias, enquanto Israel era fustigado
com a seca e a fome, sete mil joelhos
recusavam curvar-se diante de Baal;
como no cativeiro babilônico Deus
encontrou Daniel, Ananias, Mizael
e Azarias, entre outros, para manter
a honra do altar, há muitos crentes
e igrejas hoje que, remando contra
a maré, permanecem na Verdade.
Que nos esforcemos para fazer parte
desse remanescente, pois é dele que
pode brotar de novo a misericórdia.
Os próximos anos não serão fá-
ceis, fique você avisado disso. A vara
de Deus sobre os lombos do Brasil já
começou a arder e será pesada. Não é
mero castigo, mas a disciplina de um
Pai que quer essa nação de volta. Ele
é justo em fazê-lo, não questione. Apenas
disponha-se a ser um argumento
que aplaque a sua ira, a permanecer
como uma testemunha fiel no meio
das trevas, a chamar pessoas para
viverem o verdadeiro evangelho e a
interceder, como legítimo sacerdote,
para que a justiça e a genuína fé cristã
possam, de fato, voltar a prosperar.
Não me entenda mal, eu lhe peço.
Eu não sou um irresponsável, unindo-
-me a Satanás para acusar a igreja. Sou
parte dela. Eu a amo! Sinto vergonha
dos seus pecados, porque eles são
meus também. Quero me unir ao Espírito
e gemer por ela. Quero ser um
argumento para que a esperança e a
fé verdadeira, comprometida com a
Palavra, não se apaguem de vez nesta
nação. Ao contrário, que se multipliquem,
até que possamos virar esse
jogo e ver o Senhor recolhendo a vara
da punição.
Por favor, junte-se a mim nesta
busca! Os próximos anos não serão
fáceis para nós, mas há um caminho:
“Se o meu povo, que por mim se chama,
se humilhar, e orar, e buscar a
minha face, e se converter dos seus
maus caminhos, então Eu o ouvirei
do céu, perdoarei os seus pecados e
sararei a sua terra” (2 Crônicas 7.14).
No arrependimento e na fidelidade
está a nossa esperança."
Danilo Figueira - Jornal Atos Hoje 29/01/2016
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